quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Última carta - 04/05/52

New York, 4 de Maio de 1952


Querida Ilza:

Esta é a última carta que escrevo dos EE. UU., pois, amanhã, se Deus quizer, devo embarcar no “Brasil”. O nome correto do navio era Brazil com "Z", como podemos ver na foto abaixo.


À bordo do navio S.S. Brazil, com o Empire State Building ao fundo

Recebi, hoje de manhã, a tua tão esperada carta de 21, que me foi encaminhada de Corning para cá. 

Levou 13 dias para chegar. 

Correio brasileiro!... 

Do Athos nada, mas, pela sua carta soube da visita que ele lhe fez e da impressão que vocês tiveram das blusas
No Central Park

Depois de pesquisar bastante cheguei ao nome dessa fonte: Pulitzer, bem em frente ao Plaza!

Terminei ontem as compras todas, inclusive uma nova mala, igual à do Ceppo porque não dava para tudo. 

Só não comprei o “maillot($15.00, muito caro), baralho, que é desnecessário




Achei o tule de nylon na “Macy’s” (a loja do Papai Noel) muito mais barato que em Corning, 1.68 jarda, mas comprei verde bem claro, azulado (12 jardas).




Telegrafei ontem à noite para a mamãe, pelo seu aniversário de hoje. 








Hoje fui à St. Patrick e, à tarde, fui ao Circo




É o mesmo daquela fita que já vi e falei antes “The Greatest Show on Earth”. – “O Maior Espetáculo do Mundo” que aí já deve estar levando também. Simplesmente, uma maravilha!

Bem, é tarde, já arrumei as malas e vou dormir a última noite em N. York, e nos EE.UU.!

Beijos saudosos. Até o Brasil, se Deus quizer.


Homero


Semana que vem tem mais um post!

sábado, 20 de setembro de 2014

Curiosidades #21


 Os irmãos Ringling, P. T. Barnum e James Anthony Bailey


O circo de James Anthony Bailey foi o primeiro a exbir um elefante nascido em solo americano, em 1880.


Em 1882 juntou-se ao circo de Phineas Taylor Barnum . 

"Barnum & Bailey Circus" apresentava com enorme sucesso "Jumbo", anunciado como o maior elefante do mundo.


Impossível não lembrar do Dumbo! 


Inclusive, no desenho original, em inglês, a mãe dele chamava-se Mrs. Jumbo e ele Jumbo Jr.


Dumbo, 1941 - Walt Disney
Recebeu o apelido maldoso de Dumbo das elefantas que fizeram trocadilho do nome Jumbo com "Dumb" (bobo e/ou mudo).

Mas voltando, o circo dos irmãos Ringling se iniciou pequeno, em 1884 quando o Barnum & Bailey Circus estava no auge. Foi fundado por 5 dos 7 irmãos Ringling (Albert, August, Otto, Alfred, Charles, John e Henry).

Iam se apresentando de cidade em cidade, como muitos outros circos pequenos, se locomovendo em caravana de tração animal pelo meio-oeste americano.

O circo cresceu rapidamente possibilitando que passassem a se utilizar de trens para sua locomoção e permitindo crescerem ainda mais se tornando os maiores daquela época.



Quando o "Barnum & Bailey Circus" foi fazer sua turnê pela Europa, entre 1897 e 1902, o Ringling teve a oportunidade de se apresentar também na costa leste. 

Devido a essa nova concorrência, na volta da Europa, Bailey levou seu show para oeste das Montanhas Rochosas em 1905. 

Com sua morte no ano seguinte, o circo acabou sendo vendido ao irmãos Ringling que passaram a administrar os dois circos separadamente até a completa fusão num show só em 1919.

Dessa forma, em 29 de março de 1919 debutava no Madison Square Garden, em Nova York, o:


O circo fazia enorme sucesso apresentando, além dos números circenses tradicionais, diversos animais exóticos como os famosos elefantes, tigres, ursos, gorilas, girafas etc.





Em 1952, mais precisamente no dia 10 de janeiro, estreava o filme que ganharia o Oscar no ano seguinte. Dirigido por Cecil B. DeMille, "The Greatest Show on Earth" (O Maior Espetáculo da Terra") é um drama que se passa no circo.






O "Ringling Bros. and Barnum & Bailey Circus" sobrevive até os dias de hoje, apesar de ter passado por crises, mudanças de donos e direção.

Um dos últimos programas do vô Homero em terras estadunidenses foi o circo. Isso no próximo post, na próxima quarta-feira. Até lá. 

Fontes;
http://www.ringling.com/
http://en.wikipedia.org/wiki/Ringling_Bros._and_Barnum_%26_Bailey_Circus

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Nova York de novo - 01/05/52

New York, 1 de Maio de 1952 (Quinta-feira)


Querida Ilza:

Estou em N. York e acabo de saber que o vapor só sai na 2a. feira, 5. 



Fiquei estremamente aborrecido com isto, mas o que é que se vai fazer. Terei de ficar sábado e domingo aqui, sem fazer nada e gastando Hotel. 



Nestas condições, só deverei chegar a Santos no dia 18, que é domingo. Entretanto, procure telefonar para a Moore-Mc.Cormack (escritório de S. Paulo) – Telefone N. 36-7154 - e pergunte pelo dia e hora exatos. A hora é sempre a mesma – 7 horas da manhã.

Hoje aproveitei a manhã para ver as compras do Flávio (irmão, não o filho). Vejo que não poderei levar tudo que ele pediu, pois, do contrário, iria gastar mais de 30 dólares. Racionei então as quantidades que ele desejava e penso que ele ficaria satisfeito com a minha explicação(não sabemos quais eram essas encomendas) Vou procurar também a encomenda da Idália e só depois é que vou começar a comprar o que ainda falta de combinações, blusas, camisolas, etc.

Deixei Corning ontem à noite e o casal Dorn foi levar-me à estação em seu próprio carro, depois de termos jantado juntos na casa deles. Eles foram muito amáveis comigo.

Bandeira de navegação da L. Figueiredo Navegação S.A.
Estou escrevendo esta do escritório de L. Figueiredo em N. York, que é a firma que cuida dos despachos da Vidraria. Eles têm alguns empregados brasileiros, mesmo de S. Paulo, os quais vieram daí para cooperar aqui no serviço.

Saí de Corning sem ter recebido cartas, nem de você, nem do Athos. Entretanto, chegou uma do Pedrinho datada de 24..., seis dias depois da chegada aí do Athos. 




Não compreendo essa embrulhada do correio.









Bem, vou para a cidade cuidar de ver o caso da Idália e, depois, para o Hotel.




Um saudoso beijo e lembranças às crianças.

Homero

sábado, 13 de setembro de 2014

Curiosidades #20

Capitão Harry N. Sadler


O S.S. Brazil, operado pela Moore & McCormack Lines, nasceu como S.S. Virginia e teve sua viagem inaugural em 08 de dezembro de 1928. Operava entre San Francisco e Nova York via Canal do Panamá entre 1929 e 1937 até que, devido a problemas empregatícios e corte do subsídio do governo tornou essa rota mais difícil.

S.S. Brazil
Em 1937 foi então vendido para a U.S. Maritime Commission, reformado e rebatizado de Brazil para fazer a rota entre Nova York e Buenos Aires.


Assim, em 08 de outubro de 1938, ao meio-dia, partiu  para Rio de Janeiro, Santos, Montevideo, Buenos Aires e Trinidad.


O Brazil recebeu nomes conhecidos dos brasileiros entre seus passageiros, como os Presidentes Getúlio Vargas, Café Filho e Eurico Dutra. Todos eles quando estavam no cargo.

Presidente Café Filho em 11 de novembro de 1954

Também há registros que na viagem de 18 de setembro de 1939, entre os passageiros estava Getúlio Vargas Filho retornando aos estudos de engenharia química na Johns Hopkins University.

No dia 06 de dezembro de 1941, com 8 horas de atraso devido à neblina, o Brazil partiu de Nova York sendo o último navio a zarpar dos EUA antes do ataque a Pearl Harbor, em 07 de dezembro.

Os Estados Unidos entraram na Segunda Guerra Mundial em 08 de dezembro e os passageiros do Brazil foram comunicados disso através do sistema de som em 11 de dezembro.

USAT Brazil: pintado de cinza para transporte de tropas

Durante a guerra, o navio foi usado pelo exército para transporte, sendo chamado de "USAT (United States Army Transport) Brazil" tendo sobrevivido à guerra apenas com pequenas avarias.


Quando deixou de ser transporte de tropas em agosto de 1946, o Brazil voltou ao estaleiro para ser completamente reconstruído, reformado, redecorado e completamente à prova de fogo


Sua capacidade de passageiros pós-guerra ficou aproximadamente 359 em Primeira Classe e 160 em Classe "Cabine"

Fez sua primeira viagem pós-guerra em 20 de maio de 1948, e retornou à rota de Rio de Janeiro, Santos, Montevideo, Buenos Aires, Port-of-Spain e Trinidad em 04 de junho daquele ano. 


E assim funcionou até 1957 quando já apresentava frequentes problemas mecânicos e uma nova reforma não era mais economicamente viável para Moore & McCormack





Foi substituído pelo novo S.S. Brasil (agora com "S").
Chegada ao Rio na viagem inaugural do S.S. Brasil (com "S") - 1958




























Mas em 1952 era o Brazil com "Z" que estava em atividade.


Anúncio de 1951


A cada viagem, quando chegava à Latitude 0º0'0", ou seja, cruzando a Linha do Equador, havia uma cerimônia de iniciação dos "marinheiros de primeira viagem" em honra ao Rei Netuno, com a "presença" do mesmo!





O Rei NetunoDavy Jones subiam à bordo nessa encenação e os passageiros tinham que se ajoelhar perante eles para receber um certificado da sua passagem pela Linha do Equador

Entretenimento para os passageiros, passatempo nessa viagem que durava em média 15 dias!

Esse será o navio que trará o vô Homero de volta ao Brasil. Ou não?! Será?! Isso no próximo post, na próxima quarta-feira. Até lá.

Fontes:
- http://www.ssmaritime.com/SS-Brasil.htm
- http://www.moore-mccormack.com/

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Despedindo-se de Corning - 30/04/52

Corning, 30 de abril de 1952

Querida Ilza:

Embarco hoje à noite para N.Y., de noturno, e estou me despedindo do pessoal. Todos foram muito amáveis comigo e me ajudaram bastante. 

Estes últimos dias, tenho recebido convites para jantar com várias pessoas e o Sr. Dorn e senhora (onde eu moro) tem me levado a passear em seu automóvel, para conhecer lagos visinhos


O pessoal do escritório, com quem mais convivi, ofereceram-me um jantar ontem num restaurante duma visinha cidade. Éramos umas dez pessoas, homens e mulheres, inclusive o casal Krochmalski. Foi um bom jantar, muito animado; depois inventaram de ir a um outro bar, onde se podia dansar; aí, então, pondo-se os níqueis na máquina-vitrola a turma começou a dansar
 
Estavam presentes o casal Dorn, o casal Krochmalski, o casal Connely, duas moças, e as “habituais” micagens (que você tanto gosta...) deliciaram a turma. 

O casal Dorn embarca para S. Paulo, de vapor, no dia 31 de Maio, devendo aí estarem em 15 de junho. Vão morar num hotel, até arranjarem apartamento, e penso que as amabilidades deles visam fazer amizade conosco aí; evidentemente teremos de retribuir as gentilezas aqui dispensadas.



O que estou estranhando é a falta de cartas, tanto de você, como do Athos, que comigo combinou escrever no dia 19 ou 20, logo após a sua chegada aí. Ora, tenho visto inúmeras cartas da S.M. datadas de 24 e 25, hoje chegadas, e nada de cartas dele, nem de você. Esse correio brasileiro é uma pândega! Embarco para N.Y. sem ter recebido carta dele e de você, sem saber suas impressões sobre as blusas e sobre o que lhe contou o Athos.

Já escrevi a Martineli, Sr. Adão, por intermédio do Almeida. Se você realmente quizer visitar o navio, mande recado para o Almeida, por intermédio do Pedrinho, dizendo que ele peça isso ao sr. Adão da Martinelli. Eles arranjam um cartão que dá direito a entrada de visitantes no navio.

Outra coisa importante: Se você for a Santos, acho bom levar algum dinheiro, pois, ainda não sei quanto terei de pagar pela bagagem

Ah, não! Não é preciso, não! 

O Camargo, no Rio, pode adiantar-me o que eu precisar, e mesmo o próprio pessoal da Martinelli me arranja o que for possível.

Aí vai a fotografia do Cosinheiro Homero, fazendo Torta de Banana na Cosinha Modelo de Provas PYREX da Corning. 

É bom esclarecer que conhecer as vantagens do uso das formas PYREX no preparo de bolos e outros alimentos é uma das mais importantes funções de um chefe de vendas em Corning. 


Os americanos da Corning reputam o curso de culinária PYREX primordial para um bom vendedor. 







Como se pode vender uma coisa sem saber explicar ou demonstrar as vantagens do seu uso? 

Pede ao Pedrinho para entregar a outra cópia ao Sr. Moreira.


Beijos e abraços do Homero

sábado, 6 de setembro de 2014

Curiosidades #19

Na carta de 20/03/52, o Homero contou que deu entrevista e tirou fotos para uma revista da Corning, "The Gaffer".

Escrevi para o departamento de arquivos da Corning Inc. e perguntei se seria possível conseguir uma cópia dessa entrevista.

E não é que me mandaram!?

Agradeço a Michelle L. Cotton (CA, CRM Manager, Department of Archives and Records Management - Corning Incorporated - Department of Archives and Records Management - Treasury Division).


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"Saindo uma torta de creme de bananas!" diz Homero Jancowski, em inglês perfeito enquanto pratica sua recém adquirida habilidade culinária na Cozinha de Testes da CGW.

Recentemente apontado para o cargo de Gerente de Vendas de PYREX da Cia. Vidraria Santa Marina, associada da CGW em São Paulo, Brasil, o sr. Jancowski tem realizado o treinamento de vendas padrão da CGW sob supervisão de B.S. Peirson, Diretor Adjunto de Vendas.

Durante sua visita de 2 meses a Corning, o sr. Jancowski está se familiarizando com técnicas de vendas e o plano de organização da CGW para montar a distribuição quando voltar à Santa Marina. 

Seu itinerário incluiu visitas a varejistas e distribuidores metropolitanos e regionais, bem como passando por treinamento em diversos departamentos da companhia coordenado pelo Serviço Técnico Estrangeiro da CGW. Ele também visitou as unidades da CGW em Leaside, Ontario, Canadá e os escritórios de Nova York.

Provando ser um aluno apto e interessado enquanto realizava seu curso na Cozinha de Testes, sr. Jancowski foi descrito como "muito inteligente" mostrando como as ideias americanas de cozinhar e assar podem ser adaptadas às situações locais, ou seja, brasileiras. 
Torta de creme de banana é uma sobremesa popular naquele país da América do Sul (e nos Estados Unidos também!) mas assá-la num prato de "vidro" não é comum aos brasileiros. No entanto, a nova forma de torta foi rapidamente adaptada aos seus métodos. 

Usando quase que exclusivamente o forno elétrico da cozinha de testes, o sr. Jancowski contou que esse "combustível" é mais barato que os outros no Brasil e que é mais "fresco" de se usar, o que é realmente uma vantagem no clima tropical daquele país.

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Uma das fotos que tiraram dele na cozinha ele enviou junto com a próxima carta. Isso no próximo post, na próxima quarta-feira. Até lá. 

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Muitos compromissos - 26/04/52

Corning, 26 de abril de 1952



Minha querida Ilza:

Embora sem cartas de você, escrevo mais esta (que não terá resposta escrita) para dar mais algumas notícias do que tenho feito nesta penúltima semana de Corning:

O pessoal tem sido muito camarada. Tenho recebido, agora que se aproxima a partida, vários convites para almoçar ou jantar. Assim é que, na 3ª. feira, fui jantar na casa de Jack Connelly (conhecido do Ceppo), e que deve partir para o Brasil, para a S. M., em Junho afim de ajudar o Athos na montagem e funcionamento da nova máquina de tubos.
Forno 14 - responsável pela fabricação de refratários (1953)

Tenho dado lições de português a ele. É muito boa pessoa. É casado com três filhos, tendo perdido a mais velha há dois meses, em conseqüência de uma queda e antiga fratura sofrida na cabeça. Ele mora há uns 4 kms. fora de Corning, nessas casas tipo de campo. Parecem viver modestamente (em relação ao nível americano).


Foi um jantar simples, mas mais saboroso do que estes que comemos nos restaurantes e bares

Sopa de vegetais, carne cozida (carne é um prato raro aqui) ou ensopada, com batatas cozidas ao forno; ervilhas e cenouras de lata; 

Sobremesa: sorvete que tomamos (eles tomam e eu também...) misturado com o café com leite... Um precursor do Affogato! (Receita)


Conversamos até as 10 horas e parece que a senhora e a molecada (um menino de 5, uma menina de 2 e um bebê de 6 meses) gostaram de mim.

Ah! Depois do jantar, fomos para a cozinha (sistema americano) ajudar na arrumação. A mulher ficou olhando; o marido lavou os pratos (numa pia funda, torneira com água quente, fervendo, abundante) e eu enxuguei... 

Como , foi bom o curso prévio que eu fiz com você aí em nossa cozinha.

Era uma casa de campo, simples, mas a cozinha melhor do que a nossa aí. Geladeira, maq. de lavar roupa, pia com duas divisões, orifícios de saída da água bem grandes, sem perigo de entupimento, água fervendo abundante, tudo fácil; em 15 minutos estava tudo pronto.


4ª. feira, almocei em restaurante, convidado por outro amigo daqui; economia dos dólares do almoço... 

5ª. feira, o Krockmalski, afinal, convidou-me para ir jantar na casa dele. Foi excelente a comida, com sabor tipicamente brasileiro; a senhora, que ainda não conhecia, falou com simpatia do Brasil, com saudades das suas frutas, comidas, etc., mostrou-me fotografias do “Bol”, cuja morte sentiram muito; a menina, que está com 10 anos, gorda e inteligente, lembrava-se do cachorro e coisas do Brasil

Esta gente, os americanos, são amabilíssimos quando recebem. A sra. Krock. recebeu-me dizendo, “como vai Homero”. Houve cocktails, vimos fotos do Brasil, ela gostou muito da bolsa (diz que daquela qualidade aqui não existe), falou do quadro (lembra-se?) visita do Rio, que está exposto na sala de jantar. 

Casa pequena, mas muito boa, alegre, que ele alugou. Saí às 11.30hs., pois não me deixaram sair antes. Ontem ele (o Krockm.) voltou para convidar-me para o Breakfast (café da manhã!) de domingo, amanhã, pois, a sra. vai oferecer-me Pankekas, só porque eu falei que gostava de panquecas... 

2ª. feira já estou convidado para jantar na casa de outro americano, um rapaz aqui do escritório da Corning, tendo eu recusado (por excesso de compromissos) um outro jantar para a mesma noite com outro cidadão.

4ª. feira, então, haverá um almoço da Corning (chefes com quem eu convivi aqui) como despedida da minha permanência em Corning. Como vê, estou sendo assediado!

Começarei hoje a arrumar os baús e estou pensando nas dificuldades que vou ter. Comprei, por intermédio de um amigo de N.Y., a geladeira (230.00) e a Maq. de Lavar roupa (280.00) prontas para embarcar comigo no dia 3, se Deus quizer.

Restam-me poucos dólares que vou tenteando até N.Y. Comprei o seu tailleur e o de Marília, por 12.00 cada, mas não é de lã ou casemira, mas de uma mistura de rayon e nylon: bonito. Não se acha mais nada de e os sweaters que comprei (não gostei) são de mistura de nylon e rayon.





Escrevi hoje ao Sr. Moreira, fazendo o relatório destas últimas semanas, e anunciando a bomba atômica da minha volta por navio... 



Procure saber, indiretamente, com o Athos ou Paulo, qual foi a reação

Bem, vou por esta no correio

Beijinhos nas crianças e um saudoso abraço do marido que a ama,

Homero